A preguiça de ir a campo

11/05/2009

A preguiça de ir a campo
A maioria dos gestores odeia o campo. Prefere ficar na zona de conforto dos escritórios e escolhe ver o mundo na tela do computador ao invés de enxergá-lo na realidade nua e crua. O efeito desta falha é a fraqueza na tomada de decisões. Quem tem menos dados, demora mais para tomar uma decisão e produz resoluções menos qualificadas.

Uma das falhas mais graves dos gestores é NÃO IR A CAMPO. Qualquer empresa é dividida em duas partes: escritório e campo. O campo é onde a batalha é decidida. É a arena, onde estão os gladiadores e os leões. No campo, estão os clientes, a fábrica, os vendedores, os depósitos, os almoxarifados, os caminhões, está a vida real, planejada nos escritórios. Lá, a teoria encontra a prática.

A maioria dos gestores odeia o campo. Prefere ficar na zona de conforto dos escritórios e escolhe ver o mundo na tela do computador ao invés de enxergá-lo na realidade nua e crua. Perdi a conta de quantas vezes recomendei a presidentes de empresas que saíssem de suas salas e viajassem para entrar em contato com o cliente e com a realidade de suas unidades.

O efeito desta falha é a fraqueza na tomada de decisões. Quem tem menos dados, demora mais para tomar uma decisão e produz resoluções menos qualificadas. Já perguntei para muitos gestores qual era o percentual do seu tempo gasto no campo. A maioria respondeu com números entre zero e 10 %. Lamentável e grave.

Qual é a causa? Muitos gestores também afirmam que gostariam de ir a campo, mas são muito demandados por outros compromissos e não têm tempo. Mentira! Tempo é questão de preferência. Preguiça e covardia, estas são as causas. Quando um gestor vai a campo, normalmente as notícias não são muito boas. Ele ouve queixas dos clientes e reclamações dos funcionários. Ele vê muitas falhas na sua operação. Ele vê como a prática está distante daquele plano maravilhoso feito no escritório aconchegante. Tudo isto incomoda e nós, seres humanos, fugimos da dor. Nascemos para o prazer e para o conforto. E, pior: o gestor não tem todas as respostas e se expõe. As pessoas começam a verificar que o poderoso executivo é apenas um ser humano, com dúvidas, medos e indecisões. Realmente, não é fácil. Muitos gestores me afirmam isto e dizem: “...Mubarack, pega mais leve porque não é fácil”. Eu respondo que entendo a dificuldade, que compartilho da mesma natureza humana com medos e preguiças, mas que qualquer outra orientação seria criminosa. Temos que vencer sentimentos baixos que estão presentes em todos nós, como a preguiça e a covardia. Aceitar que não estamos fazendo a coisa certa é o primeiro passo. Parar de arranjar desculpas e encarar a realidade: “não vou a campo porque tenho preguiça e medo”. Pronto! A partir desta descoberta, agendar-se e cumprir a visita ao campo de maneira disciplinada, sem exceções.