Tenho um cliente que está com dificuldades financeiras e que se constrangeu em conversar comigo para pedir ajuda. Como não pode me remunerar, ficou em silêncio. Liguei, conversamos e vamos em frente, com ou sem dinheiro. Trata-se de uma empresa saudável, com boa direção e apenas com uma dificuldade momentânea. Não será complicado vencer esta crise. Independente desta situação, eu disse a ele o que observo todos os dias, na vida profissional e na vida privada das pessoas e das empresas: é muito fácil ficar ao lado de quem tem dinheiro. Embora seja uma obviedade, o óbvio parece não existir na administração. Quando você avaliar um fornecedor, avalie o “interesse genuíno” que este cara tem por você e pela sua empresa. Não importa se você é o gerente de compras ou é o proprietário da empresa, procure sempre se cercar de gente que, além do interesse comercial (necessário e legítimo), tenha interesse real e comprometimento com você. O capitalismo não é somente um sistema econômico cruel, frio e desprovido de qualquer sentimento mais nobre. Não é assim! A guerra dos negócios é dura, por vezes desleal, mas ainda guarda, como na guerra com armas, um mínimo de respeito e de humanidade. Sempre que você estiver negociando ou lidando com fornecedores, observe-os com cuidado: quem realmente tem o tal do “interesse genuíno” deve ser valorizado. É nestes momentos que o capitalismo aparece com sua face mais bela: o interesse comercial aliado ao interesse real pelos resultados da empresa. Felizmente ainda há várias coisas que o dinheiro sozinho não pode comprar. Profissionalismo baseado na honra é uma delas.
Interesse genuíno pode existir no capitalismo e nas relações comerciais entre cliente e fornecedor? Ou isto é pura bobagem e a única coisa que interessa é o dinheiro? É muito fácil ficar ao lado de quem tem dinheiro, mas o contrário existe? O capitalismo admite honra e ética ou simplesmente, como afirmam seus detratores, é um sistema cruel e insensível?