Os maiores equívocos de RH

27/09/2010

Os maiores equívocos de RH
Falar sem compromisso sobre os resultados é extremamente fácil. A gestão de pessoas continua infestada de conceitos que carecem de qualquer comprovação prática e que são simplesmente desprezados por muitos empresários. Alguns gestores de RH acreditam nestas ilusões e nunca conseguem ser levados a sério pelos seus empregadores. Pudera!

Frases que li, ao longo dos anos, em revistas especializadas na apuração das melhores empresas para se trabalhar, escritas por especialistas em gestão de pessoas:

1. “A carreira é o grande nó da gestão de pessoas”.

2. “As empresas investem fortemente em treinamentos e educação, mas ainda falham em gerir o crescimento dos profissionais, que corresponde ao aproveitamento do conhecimento que eles adquiriram”.

3. “Os pontos a melhorar nas empresas costumam apontar para o não envolvimento dos funcionários nos processos de recursos humanos. Um exemplo: a empresa tem código de ética, mas seus colaboradores não participaram da sua construção”.

4. “Outro exemplo: há avaliação de desempenho, mas liderados não avaliam líderes. De forma geral, a empresa brasileira não é participativa”.

As empresas são criticadas por não ter:

- cursos e eventos para planejamento de carreira para TODOS OS EMPREGADOS;

- somente 22 % das organizações contam com grupos de mentoria (sic) com profissionais mais experientes ou especialmente contratados para dar aconselhamento de carreira;

- recolocação de funcionários demitidos;

- preparação dos empregados para aposentadoria;

- poucas empresas atrelam o clima organizacional à remuneração variável;

- poucas empresas têm políticas voltadas às mulheres, como aconselhamento e suporte ao planejamento familiar, instalações para atendimento e cuidados dos filhos, programas educacionais e de complementação educacional para os filhos e orientação para o desenvolvimento da carreira da mulher e COMITÊS ESPECÍFICOS para discutir a ascensão de mulheres aos cargos de liderança.

Embora citando algumas boas práticas (como o mentor de carreiras), as opiniões são quase desvairadas, pois haja dinheiro para pagar todos estes benefícios. Antes que alguém me argumente que o dinheiro investido terá retorno, lembro que:

1º) Ninguém fala do perfil. Se as áreas de RH e demais gestores cuidassem adequadamente do perfil, não seriam necessários tantos outros cuidados com os funcionários. Eles terão o perfil auto-motivado e a condição de tomar conta deles mesmos.

2º) A carreira é um assunto privado de cada profissional. Planos de carreira são anacrônicos e podem caber em alguma estatal de quinta categoria. Quem deve tomar conta da carreira de uma pessoa é ela mesma. Plano de carreira é conceito avesso à meritocracia.

3º) Alguns autores destes conceitos são professores que nunca dirigiram uma empresa de verdade (privada e competitiva) e realmente é muito fácil falar sem compromisso com resultados.

4º) Gestão extremamente participativa, com todos os funcionários opinando sobre o código de ética ou avaliando seus próprios chefes é lenta e burra. Embora seja politicamente correto afirmar-se que a participação de todos é muito importante e bem-vinda, na prática isto se trata de uma grossa mentira: muitos empregados não têm condições intelectuais para deliberar sobre códigos de ética ou avaliar seus superiores hierárquicos. Quando a democracia é plena, podemos eleger um tiririca qualquer para cuidar de alguns bilhões de dólares do orçamento. É esta “democracia” que você deseja para sua empresa?

Funcionários são apenas fornecedores com contrato de exclusividade, nada mais. A empresa, que paga salários e outros benefícios, é cliente e nada mais. Enquanto tentarmos enxergar outro tipo de relação entre empregado e empregador, vamos continuar a criar ilusões, muitas vezes extremamente perigosas. Conceitos errados escritos em revistas de grande circulação podem criar projetos estapafúrdios, especialmente em pequenas e médias empresas e em algumas cabeças despreparadas de gestores de RH.

Pretendo ser o dono da verdade em relação a esta questão? Claro que não, mas tenho o direito de escrever o contraditório de um assunto que frequentemente parece ter VERDADE ÚNICA.

Paulo Ricardo Mubarack

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