Por que você deve aprender um pouco sobre tomada de decisões?

10/10/2017

Por que você deve aprender um pouco sobre tomada de decisões?
O que é uma decisão absurda e por que ela é mantida permanentemente dentro de uma organização formada por pessoas honestas, inteligentes e de posse de suas faculdades mentais perfeitas é um enigma para alguns e um assunto completamente ignorado pela maioria. A falta do conhecimento sobre esta matéria provoca diariamente a perda de milhões de dólares em inúmeras empresas.

Há alguns estudos relevantes sobre o curioso processo de tomada de decisão a que todos seres humanos estão submetidos diariamente.
Tenho visto muitas decisões absurdas serem tomadas e mantidas nas empresas ao longo dos últimos 35 anos de trabalho em mais de 160 organizações de todos os portes e segmentos. E a pergunta de um milhão de dólares divide-se em duas partes:

1. O que é uma decisão absurda?
2. Por que decisões absurdas são mantidas de forma persistente?

As respostas:

1. Uma decisão absurda é o processo através do qual um indivíduo ou um grupo age de forma persistente e radical contra o objetivo que pretende conquistar.

2. O erro absurdo e a decisão de mantê-lo são mecanismos absolutamente comuns, mesmo em pessoas inteligentes, de posse de suas faculdades mentais perfeitas, com alto grau de instrução formal. Por que? Há quatro mecanismos que garantem a surpreendente manutenção e blindagem do erro absurdo:

I) O risco da auto-especialização.

É o fato de acreditar que é possível abordar um assunto sem especialista e de lidar com este assunto embora ele esteja fora de suas atribuições e não se tenha adquirido o conhecimento e o know-how necessários.

  • Há o prazer de resolver um problema sozinho e há hesitação em pedir ajuda, o que poderia ser algo desqualificador.
  • Todos os campos que não dependem das ciências exatas induzem à auto-especialização.

As formas de auto-especialização:
a. Apelar para o especialista somente na fase de execução e não desde a fase de concepção.
b. Considerar que uma técnica não é uma técnica, mas um fim em si mesmo. c. Não se utilizar a documentação técnica e não se respeitar os procedimentos, porque há a certeza de que a inteligência e a experiência permitem dispensá-los.
d. A descentralização pode favorecer a auto-especialização.

II) A difícil tradução.
Não basta que um erro seja detectado para ser corrigido. É preciso explicá-lo de forma que ele possa ser compreendido pelos outros tipos de agentes e que a correção do erro se integre na sua lógica.
Ou seja, os erros devem ser objeto de um processo de tradução. Os erros persistem devido à imensa dificuldade de serem traduzidos.

III) A impossibilidade da tradução neutra
Às vezes, é impossível revelar um erro sem citar as pessoas que podem ser consideradas responsáveis por ele.

IV) A ingerência impossível
Um erro poderia ser sanado ou evitado pela intervenção de pessoas a quem oficialmente a organização não atribuiu um papel de correção, mas que, em função de uma posição externa ou de riscos diferentes, veem melhor o erro e podem agir mais facilmente. Paradoxalmente, quanto mais absurda é uma decisão, menos o leigo ousa intervir. Ou para não parecer idiota ou porque não é escutado.

Conclusão:
A auto-especialização, a difícil tradução, a impossibilidade da tradução neutra e a ingerência impossível edificam ao redor do erro uma blindagem com uma impermeabilidade digna de nota.
Logo, é possível uma empresa detectar um erro grave e não dispor de nenhuma via para corrigi-lo.
Ação sugerida: estudar com mais profundidade este assunto e elaborar plano de ação para reduzir a probabilidade das decisões absurdas acontecerem e serem mantidas em uma empresa.