Saber português e matemática

21/06/2012

Saber português e matemática
É incompreensível que inúmeras ferramentas e métodos, utilizados no mundo inteiro, não sejam praticados em nossas empresas. Nem mesmo o simples diagrama criado por Ishikawa para relacionar os efeitos com as causas, os gráficos básicos de Pareto, os checklists e os 5W – 2H são usados. Por quê, é a pergunta. A resposta começa pelos cinco ou seis anos de idade da nossa população: temos uma educação precária em português e matemática. Quem não sabe escrever ou falar corretamente, não lê e quem não lê não aprende. Quem não conhece os fundamentos da matemática, não tem lógica e quem não tem lógica não conduz projeto algum com correção.

Muitos profissionais que atuam no nível de analistas, supervisores, coordenadores, gerentes e diretores não sabem português nem matemática. Têm dificuldades básicas para escrever em nosso idioma e não conseguem analisar conjuntos de dados numéricos. A consequência é nefasta: não conseguem, por exemplo, escrever procedimentos e manuais e também encontram sérias dificuldades para analisar logicamente um problema, interpretar tabelas numéricas, definir uma meta ou elaborar um bom plano, a partir de ferramentas simples.

Temos na caixa de ferramentas uma série enorme de instrumentos como diagrama de causa e efeito, gráficos de Pareto, matriz de esforço x impacto, análise de riscos, matrizes de relacionamento, gráficos de controle, gráficos temporais, análise do modo e dos efeitos das falhas (FMEA), além dos rigorosamente simples checklists e 5W-2H.

De maneira geral, nossas empresas têm pouca ou nenhuma utilização para estas ferramentas e, desta forma, têm baixíssima produtividade na análise de falhas e na implantação de métodos de garantia da qualidade, gerenciamento da rotina e análise e solução de problemas.

A causa: não absorveram a lógica contida no aprendizado do português e da matemática. Somos ainda um povo que fala de maneira medíocre o inglês porque falamos e escrevemos muito mal em português. Não conseguimos resolver problemas ou gerenciar projetos com a lucidez esperada porque não dispomos da lógica que a matemática nos traz.

Quem escreve e fala mal seu próprio idioma, não lê. E quem não lê fica embrutecido e sem recursos intelectuais para usar ferramentas e métodos mais sofisticados, embora simples.
O resultado é o de sempre: muito desperdício, custo alto, falhas graves na comunicação e perda de tempo e de dinheiro.

A solução: ensinar! Nunca foi tão importante a missão de recursos humanos: ensinar. E ensinar o básico, muitas vezes. Nunca foi tão decisivo o papel do processo de treinamento. Para aprender, uma pessoa precisa ser preparada para aprender. Sem português e matemática, profissionais não aprendem, não querem aprender e tem raiva de quem aprende. Ao invés de complexos programas de treinamento, universidades corporativas e teorias de gestão do conhecimento, prefiro o ensino puro e simples de disciplinas básicas, como português e matemática. Sem base lógica, teremos muitas dificuldades para implantar quaisquer ferramentas, das mais simples aos sistemas de TI.

Faça um exercício ou pesquisa: quantas empresas treinam seus gerentes e diretores (para não falar dos outros níveis) em português e matemática? Aliás, muitos até hoje não compreenderam a função da escola fundamental e de nível médio: preparar os alunos para aprender.