A Teoria X e a Teoria Y são dois conceitos desenvolvidos por Douglas McGregor e representam conjuntos de suposições antagônicas feitas sobre os trabalhadores e servem de base para muitas outras teorias de como liderar pessoas dentro de uma organização.
Antes de listarmos sucintamente os principais atributos de cada teoria, analisemos dois casos reais:
CASO 1:
Inicia-se a implantação de sistema de gestão (o que inclui padrões de processos e auditoria rigorosa) em uma empresa do varejo. Imediatamente o gestor de uma área identifica fraudes praticadas por sua equipe. Em auditoria posterior, descobre-se que a fraude já acontecia há pelo menos dois anos. Duas alternativas explicam a atitude do gestor: participava da fraude (pouco provável) ou estava na zona de conforto, fazendo “vistas grossas” e evitando aborrecimentos (quando viu o sistema chegando, apressou-se em fazer o que já deveria ter feito há muito tempo).
CASO 2:
Dois diretores de uma empresa declaram-se impressionados positivamente com as seguintes afirmações que ouviram em uma palestra:
a) Gerenciamento por metas é um fracasso estrondoso!
b) O lucro é apenas um resultado colateral do negócio. Uma empresa que confunde lucro com a missão do negócio perderá a alma inevitavelmente.
c) Prever resultados futuros para os acionistas e analistas significa fazer-lhes forçosamente "promessas vazias.
d) Em empresas, que são sistemas complexos, algo como "desempenho individual" não existe!
e) Segundo W. Deming, 95% de todos os problemas nas organizações têm sua causa no sistema e só 5% nas pessoas.
Estes casos foram citados por serem representativos. Jamais usarei exceções como exemplos. Note-se no primeiro caso o velho estilo brasileiro do acobertamento, do “estão roubando pouco”, do “ganham muito pouco e alguns deslizes podem ser tolerados” etc. O estilo da covardia e da tolerância com os bandidos. No segundo caso, percebe-se o estilo “Alice no país das maravilhas”! Ingenuidade e fuga da realidade. Evita-se a todo o custo o confronto com a verdade nua e crua que somente os números e as metas trazem. Também ao estilo brasileiro identifica-se a rejeição ao mercado e a rejeição à responsabilidade sobre resultados.
O que nos dizem, então, as duas teorias?
A TEORIA X
A teoria X representa forte controle sobre os recursos humanos dentro da
organização, como demonstram os itens a seguir:
1. O ser humano, em geral, não gosta intrinsecamente de trabalhar e trabalha o
mínimo possível.
2. Por essa razão, a maior parte das pessoas precisa ser coagida, vigiada,
Orientada e ameaçada com castigos a fim de fazer o devido esforço para alcançar os
objetivos da organização.
3. O ser humano médio prefere ser dirigido, desejando evitar responsabilidades;
é pouco ambicioso, procurando segurança acima de tudo.
4. Empregados evitarão responsabilidades e procurarão receber ordens formais,
sempre que possível.
5. A maioria dos trabalhadores põe a segurança acima de todos os fatores
associados ao trabalho, exibindo pouca ambição.
A TEORIA Y
A teoria Y deixa evidente que, através do ambiente organizacional adequado, o
desenvolvimento dos recursos humanos é muito mais otimizado e pode ser melhor
aproveitado. As características da teoria são:
1. O esforço físico e mental no trabalho é tão natural como o lazer ou o
descanso.
2. Controle externo e ameaça de castigo não são os únicos meios de suscitar
esforços no sentido dos objetivos organizacionais. Movido pela auto-orientação e pelo
autocontrole, o indivíduo se colocará a serviço dos objetivos da organização.
3. Em condições apropriadas, o ser humano, em média, aprende não só a
aceitar, mas a procurar responsabilidades.
4. A capacidade de exercitar, em grau relativamente elevado, a imaginação, o
talento e o espírito criativo na solução de problemas organizacionais, está distribuída,
e não é escassa entre as pessoas.
5. Nas condições da vida industrial moderna, as potencialidades intelectuais do ser humano são, em média, utilizadas apenas parcialmente.
Apaixonou-se pela teoria Y? Eu também acho-a muito bacana. Infelizmente, porém, existe a REALIDADE NUA E CRUA que nos ensina alguns pontos:
1º ) As duas teorias são estereótipos e jamais podem ser adotadas integralmente.
2º ) Nossa racionalidade nos impele a acreditar e a desejar fortemente a Teoria Y, mas a prática nos obriga a reconhecer a predominância da Teoria X no comportamento geral dos trabalhadores.
Muitas vezes, somos politicamente corretos e hipócritas. Nosso discurso é medroso e passa longe do que realmente pensamos e é manifestado nas conversas de bastidores. Por que este assunto é importante para ser discutido no ambiente dos negócios? Porque deve direcionar a política de RH e desenvolver lideranças que entendam esta política. Prepare seu sistema adotando a Teoria X e selecione e desenvolva pessoas que estejam com o ponteiro apontado para o lado Y. Parece ser a solução mais real. O resto é poesia, covardia e ingenuidade.
Paulo Ricardo Mubarack
051 81 82 71 12
[email protected]
www.mubarack.com.br
Alinhar o discurso com o que realmente se pensa e se pratica é fundamental para a boa gestão das pessoas em qualquer organização. Nenhum gestor é pago para ser ingênuo e para esperar demais das pessoas. Forte controle aliado a rigoroso processo de seleção e desenvolvimento dos funcionários é fundamental para o êxito.