Você pagaria para ter limites?

01/03/2010

Você pagaria para ter limites?
Os gestores, especialmente os mais poderosos, precisam de limites. Por que? Porque mesmo os melhores gestores têm fragilidades e não sabem muitas coisas importantes. Proteger-se da própria ignorância e arrogância é procedimento dos sábios.

Todos os seres humanos precisam de limites, mesmo as melhores e mais equilibradas pessoas. Fugimos desde crianças dos limites, testamos o sistema para ver até onde ele nos deixa ir e aprendemos erroneamente que a “educação liberta”. A educação, na realidade, nos traz limites e nos ensina que nossa liberdade vai até o limite da liberdade do outro. Todas as doutrinas religiosas, os regulamentos das sociedades privadas de qualquer natureza e a própria lei nos impõem limites. Ruim? Nem bom nem ruim, apenas absolutamente necessário. Como no livro O Médico e o Monstro (Robert Louis Stevenson – 1886), mesmo que Dr. Jekyll possa predominar em nosso comportamento, às vezes aparece o lado demoníaco encarnado por Mr. Hyde. Precisamos de algo ou de alguém que nos proteja de nós mesmos! Embora este papo todo possa parecer muito filosófico, ele é bem prático e tem estreita relação com a gestão das empresas. Os donos do poder (acionistas, presidente, diretores e todos os outros níveis de gestores) precisam de limites. Empresas inteligentes sabem disto e pagam por isto. Empresas burras são arrogantes e pagam um preço muito caro pela sua falta de limites.

Na Bíblia, S. Paulo escreveu: “... tudo me é permitido, mas nem tudo me convém...”. Vale para os fiéis e vale para os gestores. Como evitar atos que, embora permitidos, não convém a uma boa gestão? Estabelecendo limites. Como? Código de conduta, procedimentos escritos e auditados, auditoria interna e auditoria externa, participação em treinamento, uso de consultorias, delegação de poder, processo seletivo e de promoções que não selecionem nem promovam puxa-sacos etc.

O presidente, e muitas vezes outros níveis de gestores, podem tudo, mas não podem permitir-se tudo. Devem limitar o seu próprio poder. Já conversei com muitos gestores autoritários que, na realidade, não passam de imbecis. Desconhecem suas limitações e enterram suas empresas através de erros grosseiros. Para se ter dinheiro e poder, é preciso inteligência. Poder absoluto é burrice. Pode satisfazer o ego, mas detona com o caixa. Quem tem medo de si próprio está no caminho da sabedoria. Muitos seres humanos não têm limites porque não têm REFERÊNCIAS. Todos precisam de pelo menos uma. A referência pode ser a família, a religião e, em uma empresa, os VALORES. Estes precisam ser lembrados todos os dias porque representam a melhor arma contra a falta de limites. Ter limites não significa ter limitações. Significa apenas conhecer a fragilidade existente em cada um e ter a sabedoria de se proteger da própria ignorância e arrogância.

Paulo Ricardo Mubarack

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