O Sistema de Gestão deve trazer para uma empresa o equilíbrio entre definir metas frágeis demais para gerentes comerciais preguiçosos e medrosos e definir metas ambiciosas demais que geram frustração e um clima intolerável de acusações mútuas entre os departamentos. Muitas vezes, presidentes e diretores fazem promessas absurdas de lucros para os acionistas. Estes aceitam. As promessas absurdas garantirão bônus gordos e manutenção dos empregos dos altos executivos. Quando este contrato “aventureiro” é fechado na cúpula da empresa, a ansiedade de quem tem 100 % de autoridade torna-se imensa e se espalha por toda organização. Todo orçamento de custeio e de investimentos é preparado para uma receita que jamais tornar-se-á real. O dinheiro não entra como devia, mas sai como jamais deveria. O que se previu gastar, pode acreditar, vai ser gasto (ou até mais, nos casos mais trágicos). O problema é que não entrou a receita esperada.
A empresa claramente neste caso não está “do tamanho certo”. Vamos a um exemplo: se sua empresa faturou em 2009 100 milhões de reais e você “negociou” com vendas a meta de 120 milhões para 2010, prepare o orçamento de custeio e de investimentos para 105 milhões, ainda obtendo lucro. O que vier acima dos 105 milhões “é lucro”. Você vai cobrar 120 milhões de vendas, mas está preparado para a porrada caso este faturamento não aconteça. Obviamente, este exemplo é simplificado e necessita na prática de mais precisão e de atenção aos detalhes. Mas o conceito é EXTAMENTE ESTE. Quando a ansiedade se instala, pessoas seguras ficam inseguras, todos querem se livrar da culpa e colocá-la nos outros e perdem-se as referências. A empresa vira um caos.
Talvez a própria Toyota esteja amargando um recall gigantesco nos EUA por conta da ansiedade em ser a primeira montadora do mundo. Talvez a Toyota tenha violado seus valores mais básicos de crescimento sustentável, prudência ao tomar decisões e “lentidão” no crescimento. Se você que lê este texto acha que o exemplo do Toyota é distante demais em relação ao tamanho da sua empresa, você está redondamente enganado. Este conceito vale para todos os portes de empresa. Já ajudei decisivamente algumas empresas a salvarem suas vidas corporativas apenas convencendo-as a “ter o tamanho certo”. Quando a empresa está no seu tamanho adequado, ela respira, faz caixa e aí sim prepara-se para alçar vôos ambiciosos porém seguros. Empresários correm riscos, mas não podem se meter em aventuras. Riscos são planejados e monitorados, aventuras são desejos sem sustentação técnica.
Quando bate o desespero nas empresas aventureiras, gerentes comerciais são demitidos, trocam-se executivos e o medo paralisador se instala. Os mais mesquinhos sentimentos e atitudes afloram até nas melhores pessoas, pois todos começam a exercer o instinto mais primitivo dos seres humanos: a sobrevivência. Aí vale tudo e a espiral da decadência está definitivamente instalada.
Paulo Ricardo Mubarack
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Empresas e pessoas não podem ter suas vidas definidas no TAMANHO ERRADO. O plano de negócios e o orçamento doméstico são semelhantes: precisa-se gastar menos do que a receita. Simples? Óbvio? A maioria das empresas e das pessoas parecem desconhecer este princípio básico e se afundam em dívidas.