A empresa não é um carro alugado

26/02/2014

A empresa não é um carro alugado
Uma empresa não pode ser tratada como um carro de aluguel. Sem dono, este é tratado de forma irresponsável, onde algum idiota o dirige de maneira inadequada, faz suas experiências e pouco se importa com o futuro do veículo. Conheci vários executivos, igualmente de aluguel, que vieram para comandar empresas, nunca se identificaram com elas, estavam comprometidos apenas consigo próprios e jamais tiveram foco em resultados sustentáveis. Enrolaram, destruíram riqueza e foram embora, de bolso cheio. A empresa foi devolvida para os ingênuos que acreditaram, como um carro alugado, com futuro comprometido.

Muitas empresas são tratadas como se fossem carros de aluguel. Não pertencem a ninguém, os motoristas não ligam para eles, dirigem-nos muitas vezes de forma irresponsável, não estão interessados nas consequências que a forma de dirigir hoje gerará nas condições do carro amanhã e são trocados com muita facilidade caso apresentem problemas.

O motorista do carro alugado não tem qualquer responsabilidade pelo que o carro será amanhã. Ele só precisa do carro em um curto período e deve entregá-lo “quase” como o encontrou. Isto significa que as barbaridades cometidas não devem aparecer no final do dia, apenas isto. Vão surgir e comprometer o carro amanhã, mas quem se importa?

Carro alugado não tem dono. Ninguém realmente gosta dele. Seus distantes proprietários nem o conhecem direito e apenas o exploram durante algum tempo e depois, é sucata. Conheço várias empresas que são tratadas pelos seus acionistas e diretores como se fossem um carro alugado. Ninguém realmente se importa com a empresa. Ninguém tem realmente um sonho grande em relação a ela. É vista como uma prostituta, deve apenas servir para alguns momentos de prazer, nada de muito sério. Formar equipes, desenvolver líderes, implantar a cultura, não são assuntos para serem considerados. Assim como carros e mulheres de aluguel, o dia a dia não tem alma. Os protagonistas, repito, são os acionistas e os diretores. A equipe, do gerente ao auxiliar, percebe o desprezo pela “empresa de aluguel” e também não a respeita. O executivo não trabalha nos finais de semana, a equipe também não. O executivo não faz nenhum esforço extraordinário, a equipe também não faz. O executivo cumpre o seu papel de forma burocrática, a equipe também é burocrática. O executivo comporta-se como uma pessoa “de plástico”, sem engajamento pleno e sem dor de dono, a equipe comporta-se de forma apática. Todos, executivos e equipe, apenas trabalham o mínimo para manter seus empregos. Cada dia perdido em termos de resultados e de desenvolvimento jamais será recuperado e comprometerá de forma definitiva a perpetuidade da empresa, mas amanhã o projeto de todos, executivos e equipes, é “estar fora daqui”.

Uma empresa precisa de que gostem dela. Ela não pode ser um número a mais nos demonstrativos financeiros de um fundo de investimentos ou de um grupo de acionistas. Empresas familiares crescem porque alguém ou um pequeno grupo as amam. Sem este amor pela organização, não há foco em resultados, não há senso de urgência, não há inconformismo e não existe a capacidade de execução.

Conheci alguns executivos que nunca desenvolveram pessoas, em nenhum momento tiveram este foco e passaram pelas organizações que dirigiram como motoristas irresponsáveis de carros alugados. Destruíram valor e criminosamente comprometeram o futuro dos ingênuos que neles acreditaram.