A pilha de vales

25/05/2009

A pilha de vales
Muitos gestores se deparam com o seguinte dilema: um funcionário solicita um horário especial para o trabalho ou simplesmente pede algum benefício extra, como ajuda financeira para concluir um curso. Como proceder? Recitar um padrão ou estudar caso a caso? Qual é o critério mais justo e inteligente?

Muitos gestores se deparam com o seguinte dilema: um funcionário solicita um horário especial para o trabalho ou simplesmente pede algum benefício extra, como ajuda financeira para concluir um curso. A resposta mais fácil para esta questão é: crie um padrão, escreva lá o que pode e o que não pode ser feito por TODOS na empresa e apenas recite o padrão quando alguém lhe pedir algo. Como todo caminho fácil, não é o mais adequado. Ter um padrão é bom, ter uma política clara de benefícios é essencial, mas quem disse que você não pode escrever no tal procedimento que, apesar de todas as regras já definidas, cada caso será estudado pela diretoria, considerando nuances que nenhum padrão consegue levar em conta? Estamos falando de gestão de pessoas e não de gestão de máquinas ou de materiais. Pessoas são muito mais complexas, mas podemos simplificar o assunto entendendo este exemplo que já vivi nos meus tempos de gerente: uma funcionária teve um bebê e me pediu para sair uma hora mais cedo durante seis meses para ficar com o filho. Como ela tinha com a empresa “uma pilha de vales”, concedi. A pilha de vales é uma expressão simbólica que quer dizer: ela tinha acumulado muita credibilidade. Durante os últimos três anos, sempre bateu metas, sempre foi a primeira a chegar e nunca teve hora para sair. Entregou tudo o que foi pedido e um pouco mais. Fez alguns sacrifícios pessoais em fins-de-semana e feriados quando nós precisamos. Como recusar este benefício agora, simplesmente lendo um pedaço de papel para ela? Não seria justo nem inteligente. Por isto, não pensei muito, apenas concedi. Duas semanas depois, outra funcionária também pediu um horário especial para estudar inglês. Não concedi. Esta não tinha pilha de vales. Era apenas mediana no cumprimento de metas e nunca mostrava qualquer esforço extraordinário. Para ela, li o padrão. Ela argumentou, irritada com a minha recusa, que eu concedera o benefício para sua colega e não para ela porque eu considerava bebês mais importantes do que aulas de inglês. Expliquei que bebês e aulas de inglês não interessavam para a empresa. O que realmente nos importava era premiar a raridade do esforço extraordinário. Se a funcionária que ganhou mais tempo para ficar com o filho tivesse solicitado o benefício não para ficar com o bebê mas para fazer ginástica, eu também concederia, porque ela tinha uma PILHA DE VALES. Na verdade, ninguém concedeu o benefício, ela é que criou o merecimento. Nós só cumprimos a lei do mundo dos negócios: quem é mais raro tem tratamento especial.

Por isto, se você é um gestor e não sabe o que fazer diante destas situações, use apenas a regra da pilha de vales. Você verá que toda a empresa entenderá perfeitamente a mensagem.