A valentia que mata

15/08/2012

A valentia que mata
A valentia mata. O valente perde a noção do perigo e comete imprudências que o matam em vários sentidos. Muitas falhas que acontecem na rotina não levam a acidentes, mas o risco aumenta progressivamente, porque o valente se sente respaldado pelo fato de nada ter ocorrido, apesar do descumprimento ou da inexistência de procedimentos. Acidentes em fábricas são o exemplo mais corriqueiro, mas tudo isto também acontece nos escritórios, na forma da perda de um cliente ou de uma aquisição desastrosa.

Quando ficamos valentes, adquirimos algo parecido com um senso de imunidade e desenvolvemos o pensamento mágico de que somos invulneráveis. Quanto melhores nossos resultados, seja lá no que for, mais valentes ficamos e, logicamente, vamos dar com os burros n’água logo adiante. Por isto, a valentia mata qualquer um, por melhor que seja, por um motivo muito simples: a valentia elimina os cuidados que permanentemente precisamos ter.

A valentia faz com que muitos acidentes aconteçam nas fábricas. Um funcionário comete um ato inseguro, mais um, mais outro e nada acontece. Aí, a valentia cresce e os atos inseguros aumentam em risco. A probabilidade estatística, embora desconhecida da maioria, existe e vai evoluindo, até que o terrível acidente aconteça.
Nunca gostei de presidentes, diretores, empresários e operários valentes. Eles quase sempre se quebram, física e financeiramente. Quando tudo parece bem demais, cuidado!Você provavelmente está confiante demais e vai pagar caro por esta segurança.

O estado natural das coisas no universo é o caos, é a desordem, é a entropia. Os caras que nadam melhor, os caras que mais conhecem os perigos da fábrica, os caras que foram mais audaciosos nas aplicações financeiras, estes são os caras que vão morrer. Isto, obviamente, não significa que ser bom é ruim, ao contrário, ser bom significa ter, além do talento, humildade suficiente para ter uma “paranoia boa”, aquela que recomenda todos os cuidados com o ambiente com o qual se lida.