Decisões erradas – parte I

16/11/2011

Decisões erradas – parte I
Diariamente milhares de decisões absurdas são tomadas nas empresas. Arrogância, falta de franqueza e de estudo geram desvios importantes na lógica do pensamento, ocasionando decisões que beiram a irracionalidade. Mesmo executivos bem dotados intelectualmente erram muito. Dar-se conta, identificar as causas e elaborar ações para mitigar estes vieses é obrigação da empresa moderna.

Por que falhamos tanto ao tomar decisões, às vezes com danos irreversíveis para nossas empresas? Embora a maioria das organizações não preste atenção neste assunto – basta verificar que praticamente não existem cursos nem matérias nos MBAs referentes a este assunto – a análise deste tema é ESSENCIAL para que conheçamos os vieses da TOMADA DE DECISÕES.

O viés é uma forma tortuosa e defeituosa de atitude que desvia nosso pensamento da forma lógica de raciocinar. O viés nos aproxima da irracionalidade. .

Viés No. 1 – O risco da auto-especialização: é o fato de acreditar que se pode abordar um assunto, implantar algo, sem a ajuda de especialistas e sem que se tenha formação escolar, treinamento complementar ou experiência comprovada. Existe a ideia que é reprovável o ato de pedir ajuda ou a arrogância que leva ao desejo de querer-se resolver sozinho um assunto. Os campos das ciências não exatas são os mais propícios à autoespecialização. É comum que empresários e executivos administrem suas empresas e seus departamentos sem nunca terem estudado ou mesmo lido uma página sobre o assunto. Logística, gestão em geral, finanças, administração de projetos, recursos humanos são áreas típicas para que a autoespecialização se manifeste.

Viés No. 2 – A difícil tradução do erro: não basta um erro ser detectado para ser corrigido. É preciso explicá-lo para todos os envolvidos e esta tarefa, por vezes, é uma missão quase impossível.
Por exemplo, um diretor de vendas e seus gerentes apresentam metas muito ousadas para a receita líquida. Como contestá-los? Como provar que o método utilizado (ou, muitas vezes, a inexistência de método) é inadequado e absurdo? Será que é necessário que se perca um ano até que resultados desastrosos apareçam? Como provar a correlação entre os erros do método de previsão de vendas e o não batimento de metas?
Nos dois vieses apresentados, há um antídoto: trabalhar com uma equipe onde prevaleça a confiança e a transparência, gerando um debate aberto e construtivo e estudar TODOS os assuntos com profundidade e com a ajuda de verdadeiros e reconhecidos especialistas. A arrogância e a falta de franqueza estimulam os vieses da autoespecialização e da difícil tradução do erro.

Paulo Ricardo Mubarack