Letal

08/07/2013

Letal
A demora é a melhor maneira de rejeitar algo, de assassinar uma boa ideia. A falta de intensidade é outra forma de arrebentar qualquer processo em uma companhia. Trabalhos feitos anualmente, como pesquisas com funcionários e clientes, avaliações de desempenho e planejamentos variados, devem ser abolidos. Ou faz amiúde ou não faz, simplesmente porque a falta de ritmo torna inútil o trabalho.

Há duas atitudes que são letais para qualquer projeto ou atividade em uma empresa: a demora e a falta de intensidade. Aliás, a demora é uma das formas mais cínicas e mortais de NEGAÇÃO. Quando alguém rejeita um projeto ou qualquer outra atividade, ele pode assassinar esta iniciativa apenas demorando, fato cuja gravidade aumenta diretamente proporcional ao cargo do matador. Um presidente ou um diretor demorado é mortífero para qualquer organização em função do poder que este cargo oferece. Em resumo, se você quiser matar algo, demore! Se você quiser destruir uma empresa, escolha um presidente ou diretores demorados nas decisões. Coloque-os no poder e esqueça-os lá, sua nefasta missão será tristemente cumprida.

Demora não pode ser confundida com prudência. A aprovação de um projeto que envolva muito dinheiro, por exemplo, logicamente requer estudos e muitas contas, mas as pessoas estarão freneticamente trabalhando. O ambiente pode e deve ser agitado e comedido ao mesmo tempo nestes casos. O embaraço acontece quando se respira uma atmosfera de letargia, o clima é nebuloso e a modorra prevalece.

Um dos principais atributos de qualquer vencedor é a velocidade. Dirigentes apáticos desmantelam equipes, desorganizam esforços e minam a energia dos mais ágeis e motivados.

Para piorar o diagnóstico: a demora, ás vezes, é imperceptível e vai extenuando o ânimo de todos.
Outra atitude maléfica: a falta de intensidade. Um exemplo banal: um curso de 4 h por semana, à noite, durante 14 meses. Um exemplo muito sério e frequente: a falta de uma agenda inalterável de reuniões para análise dos resultados e dos planos de ação. Ou uma agenda extremamente frouxa, vaga e com encontros muito distantes. Faltará energia, vivacidade, pulsação, celeridade, para os movimentos da equipe.

As aulas nas universidades são, muitas vezes, chatas e ruins também por conta do afastamento entre elas. Nunca há entrosamento e a produtividade desaba. O pessoal de RH fica chateado quando eu afirmo que avaliações de clima ou de desempenho feitas anualmente ou mesmo semestralmente têm pouco ou nenhum valor. O pessoal de vendas ou de marketing fica ofendido quando afianço que pesquisas anuais de satisfação dos clientes têm também muito pouco resultado. Aliás, qualquer procedimento que exceda o mês é praticamente inútil, porque o tempo já passou e a vaca já foi para o brejo. Demora e falta de intensidade arruínam qualquer boa ideia, o que evidentemente não pode ser permitido pelos acionistas.

Paulo Ricardo Mubarack