Metas individuais - quase ninguém entendeu

15/08/2014

Metas individuais - quase ninguém entendeu
Quase ninguém entendeu o poder das metas individuais. Basta pesquisarmos e encontraremos menos de 5% das empresas, em qualquer setor e de qualquer porte, praticando esta ferramenta que não tem contraindicações e que traz enormes benefícios financeiros e motivacionais para uma organização. Muitas alegações são feitas para negar as metas individuais em todos os níveis da hierarquia, mas a realidade é muito simples: uma mistura terrível de ignorância e preguiça evita o uso de uma poderosa ferramenta para o lucro.

Muitas empresas adotam metas individuais como um instrumento a mais para motivar e remunerar seus funcionários. Quem poderia ser contrário a esta medida? Metas gerenciais, aquelas que se aplicam em toda a empresa ou para uma área inteira já existem há muito tempo e foram complementadas por metas individuais com mais intensidade nos últimos 10 anos.

Porém, há um sério problema com o conceito destas metas e, quando o conceito não é firme, a aplicação acaba sendo torta. Vejamos os erros:

 Muitas empresas definem metas individuais apenas para alguns níveis, normalmente parando na supervisão. Errado! Todos (até a copeira e o office-boy) devem ter metas individuais. Quem comete este equívoco realmente não entendeu o poder do “medicamento” chamado meta. Se entendesse, aplicaria para todos porque só há benefícios e nenhuma contraindicação. Criam-se castas na empresa: os “com meta” e os “sem meta”, algo semelhante aos párias corporativos.

 Muitas e muitas empresas não sabem definir as metas individuais, principalmente para os níveis mais baixos da hierarquia, o que as leva a cometer o erro número 1 (alguns com meta e muitos sem meta). Qual seria a meta de um ajudante de serviços gerais? Ou de uma copeira? Ou de um office-boy? Ou mesmo de uma secretária? Como não sabem defini-las, classificam esta tarefa como impossível ou não prioritária e simplesmente a abandonam.

Vejamos este exemplo real: o office-boy de uma fábrica tinha como meta individual realizar todos os pagamentos na data exata, sem atrasos. Quando foi ao banco, o caixa descobriu um erro em um cheque. Eram 15:20. O office-boy voltou rapidamente para a empresa, o financeiro corrigiu o erro e ele retornou ao banco, chegando às 16:10. Fechado! Descobriu que o principal gerente da agência recém havia saído, foi atrás, ajoelhou-se (e não é força de expressão) na frente do gerente e implorou que ele permitisse o pagamento. O gerente consentiu, voltou à agência e o pagamento foi efetuado em dia. Se este office-boy não tivesse esta meta claramente definida e lembrada diariamente, teria este tipo de atitude? Possivelmente não. Teria uma atitude “normal”, dentro de uma empresa “normal”. Voltaria após a primeira recusa do banco e simplesmente diria que “não deu!”. Além de evitar uma possível multa ou juros, a existência da meta também trouxe outro benefício muito mais significativo para a empresa: permitiu que ela avaliasse o office-boy e o inscrevesse na lista dos que podem e devem ser promovidos. Na vida real, ele realmente foi e este caso é contado e recontado na organização, gerando motivação em todos os funcionários mais simples da hierarquia e mostrando que, nesta organização, quem tem atitude e bate suas metas, é reconhecido e que a empresa valoriza gente com este perfil. Poucos executivos avaliam o benefício financeiro que este procedimento traz para suas empresas. 

Outro ponto: se houver sérias dificuldades para determinar metas individuais para alguns cargos, então é preciso refletir sobre a necessidade do cargo. TODOS, ABSOLUTAMENTE TODOS em uma empresa, deveriam ter tarefas e responsabilidades muito grandes em suas mãos. Não é capitalista pagarmos para uma pessoa simplesmente guiar um carro ou servir café ou limpar banheiros. Ou terceirize ou agregue valor a estes cargos e deixe muito claro que você não deseja que as pessoas se acomodem em suas pequenas funções. A diferença que este valor traz para uma companhia é colossal. Se você é empresário ou alto executivo de uma empresa, contrate pessoas apenas para ganhar dinheiro para você. Não contrate pessoas para limpar suas botas. Substitua a cultura da realeza pela cultura do capitalismo, que não aceita bobagens como esta: contratar gente apenas para gerar despesa. Uma secretaria que não tenha outras tarefas importantes e que envolvam redução de custos para a empresa, é uma despesa desnecessária. Às vezes, as empresas contratam gerentes e até diretores que apenas geram despesas! Por exemplo, já lidei com um diretor de relações institucionais com o mercado que, na prática, não agregava nada na receita da empresa e gerava um enorme custo de manutenção dele e de seu departamento. Creia, não estou exagerando. 

 A empresa cria metas individuais, mas não tem DEVOÇÃO PELAS METAS. Na prática, este erro se materializa na ausência diária de cobrança destas metas. A meta deve ser diariamente lembrada e cobrada. A isto chamo de DEVOÇÃO. Muitas planilhas com metas individuais ficam nas gavetas e nas memórias dos computadores, não são acompanhadas com frequência e apenas são lembradas no final do semestre ou do ano, quando chegou a hora de pagar o bônus. Lamentável negligência!

Não cometa estes erros. Visite empresas que praticam a DEVOÇÃO ÀS METAS e você ficará envergonhado de um dia ter pensado que metas individuais não se aplicam a todos em uma empresa.