Pequenas empresas

19/10/2011

Pequenas empresas
Pequenas empresas são um desafio muito grande para as consultorias. Além das dificuldades naturais de quem trabalha com poucos recursos e opções, ainda enfrentavam um grande obstáculo: o pensamento pequeno e acanhado dos seus proprietários que, mesmo tendo recursos para utilizar as mesmas ferramentas dos grandes, acham que “isto não é coisa para eles” e praticam o pacto da mediocridade: “pago pouco e recebo nada”.

97% dos meus clientes é formado por empresas com faturamento anual superior a 100 milhões de reais. Entretanto, trabalho e já trabalhei para empresas com faturamento bem abaixo desta quantia e afirmo: são as empresas mais difíceis para prestar consultoria. Recursos humanos e financeiros menores, menos opções, menos alternativas, algumas questões conceituais para resolver e um grande conjunto de incógnitas. Basta olharmos para a bibliografia mundial na área de negócios e identificaremos que um volume superior a 95 % dos livros são escritos para empresas grandes, com faturamento anual na ordem de um bilhão ou mais de reais. Fazer um turn around nestas empresas é excitante e muito mais fácil do que sentar à mesa com um pequeno empresário e discutir o modelo do negócio. Nas médias e grandes empresas, preciso ajudar a corrigir e a desenvolver. Na pequena, preciso ajudar a sobreviver e a criar. Entretanto, a maior dificuldade com o proprietário da pequena empresa é convencê-lo a PENSAR GRANDE. Esta expressão está muito distante do clichê que afirma ser necessário “sonhar grande”. PENSAR GRANDE significa usar na pequena empresa todas as ferramentas que empresas de grande porte utilizam. Absurdo? Claro que não, mas o proprietário acha que sim. Exemplo: uma empresa que fatura anualmente 20 milhões de reais pode contratar as mesmas consultorias que uma empresa com faturamento de um bilhão, mas não consegue enxergar e admitir isto. Já tive clientes que faturavam 25 milhões e que utilizavam as mesmas técnicas de gestão, RH e TI que empresas de grande porte. O resultado foi o esperado: cresceram muito e hoje são empresas de três ou quatro centenas de milhões. Também já conheci empresas pequenas com empresários mesquinhos ou que pensavam muito pequeno e que quebraram ou que não se desenvolveram. O fato de uma empresa faturar pouco não significa que ela deva se contentar em contratar empregados, software e consultorias de segundo nível. Ela pode escolher entre o círculo vicioso e o círculo virtuoso: quando mais pobres forem as contratações, mas pobres serão os resultados, menor será o dinheiro disponível para evoluir e mais pobres serão as contratações. O contrário é: quanto mais qualificadas forem as contratações, mais fortes serão os resultados, mais dinheiro estará disponível para evoluir e melhores contratações serão feitas. Um trabalho de consultoria de primeira linha significa anualmente cerca de 1% ou menos do faturamento anual de uma pequena empresa! Obviamente, é viável. Entretanto, pequenos empresários pensam de forma muito mesquinha na maioria dos casos e contratam... o SEBRAE e outras empresas que cobram muito pouco e oferecem menos ainda.
Uma empresa é como uma vida: ela é o resultado das escolhas dos seus donos. Esta é uma verdade conhecida apenas por uma seleta minoria.