Por que o Brasil corre o risco da irrelevância?

10/04/2017

Por que o Brasil corre o risco da irrelevância?
Enquanto o Brasil sofre para amenizar problemas típicos da barbárie em relação à corrupção e ao crime, locais geograficamente afastados dos grandes centros financeiros mundiais voam em direção ao progresso. Oferecendo segurança jurídica, impostos baixos, pouquíssima regulação e pessoas disciplinadas e honestas, países como Singapura, Hong Kong e Coréia do Sul recebem pesados investimentos de fundos internacionais e enriquecem diariamente. Leia o artigo e veja como um empresário privado no Brasil pode enfrentar um ambiente local inimigo dos negócios em frente a um mundo cada vez mais global e exponencial. Pessoas brilhantes, tecnologia e capital formam a base para a elaboração de um plano de ação que ajude sua empresa a escapar das algemas do atraso.

Visitei as vibrantes startups da Coréia do Sul em Seul, o governo de Singapura e o grande varejo de Hong Kong no final de março, acompanhando um grupo de americanos de uma escola de negócios de Boston. Em Singapura, fomos compreender como o transporte de massas era planejado e viabilizado financeiramente, na Coréia do Sul fomos entender como o empreendedorismo é praticado e em Hong Kong analisar o vigoroso comércio e sua cadeia de abastecimento.

Uma certeza: o capitalismo funciona porque ele concentra as complexas decisões dos negócios nos indivíduos – empresários e executivos – e nunca na burocracia estatal. O nível de liberdade para negócios, os impostos baixíssimos e a regulação insignificante são fatores decisivos para a criação de um ambiente favorável para empreendedores.

Investimentos pesados de fundos internacionais estimulam a criação e ampliação de empresas. A segurança jurídica, a disciplina da população e níveis reduzidos de corrupção garantem o clima adequado para o desenvolvimento.

Creio que há poucas novidades sobre estas constatações. A fórmula para o progresso é a mesma, em qualquer lugar do planeta e em qualquer tempo: liberdade, nada diferente disto.

Tenho viajado muito nos últimos 8 anos pelo mundo e temo, como cidadão e como empresário, pela possibilidade, cada vez maior, de tornarmos o Brasil um local IRRELEVANTE. Mesmo com o tamanho do nosso território e população, corremos um risco muito alto de sermos considerados uma sociedade atrasada, selvagem, onde impera a barbárie do crime e da corrupção. Os 3 locais visitados na Ásia são geograficamente pequenos e afastados dos grandes centros de negócios nos Estados Unidos e na Europa Ocidental, mas mereceram investimentos externos pela segurança em todos os aspectos e pela produtividade, um assunto praticamente ignorado no Brasil.

Não vamos conseguir nada de bom sem disciplina e amor pelo trabalho. Não iremos além da esquina sem aumentos exponenciais de produtividade. Quando referimos estes temas para a área pública, a situação é desanimadora. Ela precisa ser destruída completamente e privatizada além dos limites imaginados pelos mais ousados pensadores brasileiros. Quando referimos estes temas para a área privada, também temos gaps muito grandes. Boa parte dos nossos empresários e executivos ainda pensa estar em um mundo local e linear e já vivemos em um mundo global e exponencial há pelo menos uma década.

Um exemplo muito simples: as impressoras 3D vão mudar radicalmente em poucos anos o modo como estruturamos as fábricas. Na minha volta, telefonei para o diretor de produção de um cliente e disse-lhe isto. Ele rebateu: “Mas eu olhei a velocidade destas impressoras no ano passado e não havia escala para nosso negócio”. Sim, no ano passado. O pensamento dele continua linear. Para ele, 12 meses ainda é pouco tempo e parece ser impossível impressoras aumentarem suas capacidades de produção em até 100 vezes no último ano como realmente aconteceu. Ele pensa em escala linear, mas as tecnologias atuais avançam, em capacidade e preço, em escalas exponenciais. Esta é a diferença entre linear e exponencial. O prazo julgado como adequado para fazer as coisas no passado é absolutamente intolerável no presente. O resultado para quem pensa linear e localmente, ignorando o mundo em tempo real, é a IRRELEVÂNCIA. Pensaremos de uma forma e falaremos de um jeito que nos levarão simplesmente a sermos ignorados pelo mundo desenvolvido. Eles realmente não compreenderão nosso idioma e nossa lógica e virarão as costas, levando montes de dinheiro para outros lugares.

Entretanto, ainda há tempo. Pensando no universo de uma empresa privada, a saída é reunir mentes brilhantes, capital e tecnologia e fazer um plano de ação para escapar do submundo. Esta é a missão de qualquer homem de negócios com expectativas de se livrar das algemas do atraso e desenvolver sua empresa.

Paulo Ricardo Mubarack