Temos dificuldades razoáveis para escrever bons padrões nas empresas. Precisamos, em primeiro lugar, entender que existem dois tipos de padrões: padrões para treinar e padrões para executar. Confundi-los ou desconhecer esta diferença é um péssimo começo para escrever bons padrões. Um número enorme de empresas não tem qualquer tipo de padrão ou os tem mal escritos e sem utilidade prática, torrando o conceito inexoravelmente e perdendo a oportunidade de explorar três enormes vantagens que a padronização traz: evita RUPTURAS, aumenta a PRODUTIVIDADE e garante o DOMÍNIO TECNOLÓGICO. Já expliquei estes três itens no artigo 620 – SUA EXCELÊNCIA, O PROCESSO.
Especialmente em uma sociedade indisciplinada como a brasileira e com aprendizado baixo do seu próprio idioma, escrever não é tarefa fácil e escrever bem é um trabalho realmente difícil. Poucos consultores e raríssimos livros explicam a importância dos padrões e a necessidade de separá-los em “padrões para treinamento e padrões para execução”. Veja este exemplo: no padrão de treinamento precisamos descrever a inteligência contida em tarefas de análise, entretanto o verbo “analisar” NÃO É UM BOM VERBO. Você precisa ensinar detalhadamente o que realmente significa ANALISAR, explicitando os critérios e a lógica:
Tarefa 3 – analisar curva de compras para comprar itens.
Se apenas esta frase for colocada, ela para nada serve. Precisamos ensinar
COMO ANALISAR. Então, no padrão você deve escrever que, para analisar, o executor da tarefa deve:
- emitir curva ABC dos últimos 4 meses;
- assinalar os itens mais estocados;
- anotar tendências conversando com os supervisores de vendas;
- definir uma programação de compras;
- rodar o programa para checar como fica o tamanho do estoque sob
diversos cenários de vendas;
- escolher a programação de compras;
- verificar o impacto no fluxo de caixa;
- ajustar a programação de compras;
- emitir as ordens de compras;
- executar a compra;
- monitorar diariamente o estoque e as rupturas.
A regra é simples, portanto: usar apenas verbos específicos, que denotam ações concretas. Nunca usar verbos subjetivos, como ANALISAR, MELHORAR, APRIMORAR, IMPLANTAR, OTIMIZAR etc. E detalhar SEMPRE.